Lutero não fez uma Revolução - E isso importa!
Prof. Dr. Marco Antônio Bomfoco
Por séculos, aprendemos que Martinho Lutero “iniciou a Reforma Protestante” - um marco frequentemente rotulado de revolução religiosa. De fato, há quem insista que Lutero foi um revolucionário, desejando, certamente, destruir o grande homem da fé. Mas será que Lutero desencadeou mesmo uma revolução? O uso indiscriminado dessa palavra tem distorcido nossa compreensão histórica.
Uma revolução de verdade exige mais do que impacto: pressupõe preparo ideológico, mobilização social e um projeto de mudança deliberado. Veja a Revolução Francesa, que contou com os iluministas como arquitetos intelectuais, ou a Revolução Russa, fruto do marxismo e de anos de organização operária.
Já Lutero, quando afixou suas 95 Teses em 1517, não buscava uma ruptura. Ele queria discutir práticas da Igreja, especialmente a venda de indulgências. Não havia um movimento protestante pré-estabelecido, nem um plano claro de substituição do sistema eclesiástico. O que houve foi uma reação em cadeia - poderosa, sim - mas não planejada. Foi o orgulho e a ignorância dos príncipes da Igreja que separaram os cristãos. Buscassem eles a verdade, teriam compreendido as intenções do tímido monge mas corajoso pensador religioso. Lutero é um dos grandes teólogos do mundo. Ele também é considerado o maior jornalista e linguista alemão de todos os tempos.
Dizer que Lutero fez uma revolução, como alguns recentes conversos católicos têm dito em postagens duvidosas e ridículas na Internet recentemente, é ignorar a diferença entre provocar uma transformação e conduzir uma mudança programada. Ele acendeu o estopim, mas não tinha um mapa. E talvez seja hora de revisar essa narrativa com mais rigor histórico.
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