Indução e Intuição na teoria do conhecimento: Kant, Husserl e Bergson
Prof. Dr. Marco Antônio Bomfoco
Na teoria do conhecimento, “indução” e “intuição” são termos que, embora por vezes se cruzem no uso coloquial, designam processos profundamente distintos. A indução é um método inferencial; a intuição, uma forma de apreensão imediata. Essa distinção fica ainda mais evidente quando observamos como três pensadores - Kant, Husserl e Bergson - conceberam esses conceitos.
A indução é, de modo geral, o procedimento de generalizar a partir de casos particulares. Trata-se de um raciocínio que infere leis ou padrões com base na repetição de observações, sempre com caráter probabilístico. É o caminho típico das ciências empíricas, mas sofre do problema clássico identificado por David Hume: nada garante que o padrão observado se manterá no futuro.
A intuição, por sua vez, é um modo de conhecimento imediato, não mediado por uma cadeia explícita de inferências. Pode significar a apreensão direta de um dado sensível, de uma essência ou de uma verdade evidente. A epistemologia contemporânea debate sua confiabilidade, justamente por sua proximidade com impressões subjetivas.
Kant
Husserl
Bergson
Em suma, embora indução e intuição possam, em alguns contextos, convergir para conclusões semelhantes, sua natureza epistemológica é distinta. A indução opera por generalização, exigindo repetição e comparação; a intuição se dá de modo direto, seja como apreensão sensível, seja como experiência interna da realidade. Kant, Husserl e Bergson mostram que confundir os dois conceitos é reduzir o alcance de ambos: a indução perderia seu rigor metodológico e a intuição, sua profundidade imediata.
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